Estação da poesia

Última página

Primavera. Um sorriso aberto em tudo. Os ramos
Numa palpitação de flores e de ninhos.
Doirava o sol de outubro a areia dos caminhos
(Lembras-te, Rosa?) e ao sol de outubro nos amamos.

Verão. (Lembras-te, Dulce?) À beira-mar, sozinhos
Tentou-nos o pecado: olhaste-me... e pecamos;
E o outono desfolhava os roseirais vizinhos,
Ó Laura, a vez primeira em que nos abraçamos...

Veio o inverno. Porém, sentada em meus joelhos,
Nua, presos aos meus os teus lábios vermelhos,
(Lembras-te, Branca?) ardia a tua carne em flor...

Carne, que queres mais? Coração, que mais queres?
Passam as estações e passam as mulheres...
E eu tenho amado tanto! e não conheço o Amor!
                                                                    Olavo Bilac

Em Última página, o eu lírico mostra que na sua vida ao passar as estações passaram-se também os amores, mas o amor que é retratado nos versos não corresponde ao amor romântico, e sim a um amor carnal. Em alguns versos podemos perceber a forte presença do sensualismo, o que pode ser observado na terceira estrofe, onde o autor se utiliza de contraposições, falando do inverno, dos lábios vermelhos (cor quente) e da carne que ardia, mas como “arder a carne” no inverno? Ele quer mostrar que o amor é um sentimento quente, corpos juntos ardem e que não há “frio que esfrie” um grande amor.
Por fim, chegamos a conclusão de que quantidade não é qualidade ( todos já sabemos), o eu lírico amou muito, teve muitas mulheres, mas não conhece o amor, ou seja, ter o amor carnal não é o suficiente, o que completa e transforma o homem é o amor romântico, aquele amor que nos faz pensar na pessoa amada e que dá sentido a vida. Com isso, gostaria de deixar uma mensagem, procure observar os detalhes, pois neles estão a essência do verdadeiro amor, esses pequenos detalhes perduram a vida toda, mas a carne não.

Espero que tenham gostado, pois a literatura está presente em nossas vidas, só não a enxerga quem não quer, sei que algumas pessoas se vêem em alguns poemas, muitas obras retratam a realidade.

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Forte abraço